De novo pulamos cedo da cama e partimos para conhecer Olhão, Tavira e acabar o passeio de ontem, afinal compromisso é compromisso…
Em Olhão passeamos pela orla, vimos o mercado municipal e constatamos que por não ser uma cidade turística tinha um charme de vida real, pois pudemos ver os nativos simplesmente vivendo suas vidas, por incrível que pareça igual às nossas.
Continuamos até Tavira que é bem próximo da divisa com a Espanha, e lá também sentimos o mesmo ritmo, apesar de existir um castelo, diversas igrejas e um pouco de atração de turistas a cidade não é impactada em seu cotidiano por isso.
Existem as ruínas de um castelo e de uma torre que abriga um jardim lindo e bem cuidado, uma graça de cidade. Pronto acabou.
Voltamos para Albufeira para fazer o passeio de barco e ver o por do sol no mar, mas antes fomos procurar um restaurante indicado por uma vendedora numa lojinha de Tavira. A referência do endereço foi assim: vai pela avenida até a rotunda, vire a esquerda, depois a direita e segue para fora da cidade até a Vila Margarida, o restaurante é o Vela 2. Ok, com o GPS não tem erro… A menos é claro que o Google te mande para um endereço antigo que já foi fechado a dois anos.
Entre entras e sais de rotundas, avenidas, vai e volta, esse endereço começou uma diáspora dentro do carro: um queria desistir, outro queria seguir em frente, outro mudava de opinião a toda hora, apenas Sabrina insistia em que devíamos continuar a procurar o lugar, até que no meio da discussão surgiu a placa da Vila Margarida e um pouco mais a frente o restaurante em toda a sua glória.
A discussão se dissipou imediatamente e entramos triunfantes no lugar, todo decorado em branco e vermelho, porque o dono é torcedor do Benfica fanático, cheio de camisas e troféus, tinha até um santuário com penduricalhos e bugigangas do time.
Sentamos e pedimos um vinho verde, chegou o pão e ficamos esperando o cardápio. Como estava demorando muito, Helder peguntou qual era o prato recomendado e a dona do restaurante olhou com uma cara de espanto, – é rodízio ora, rodízio de peixe!
Ah bom, assim e diferente, manda descer os peixes, kkk
Foi um massacre: peixes 10 – turistas 0…
Simplesmente não dávamos conta de comer os peixes na velocidade que eles eram repostos em nossa mesa: sardinha, pargos, file de peixe espada, todos assados na brasa, inteiros com cabeça, escama e barrigada… era só abrir tirar o que não se queria, levantar a espinha e comer.
Parecia que a cozinheira estava numa competição com os fregueses, o garçom não parava um minuto de colocar peixes em todas as mesas e assim foi até que um a um fomos desistindo de vencer a competição e fomos parando de comer.
No meio dessa odisseia pesqueira, não sei de onde surgiu a questão de porque aquele vinho verde era frizzante. No maior cunho científico Helder disse que era porque as vinhas eram regadas com água mineral naturalmente gaseificada, por isso, quando se fazia o vinho as borbulhas já vinham da fruta. Para terminar a tese da gaseificação natural do vinho verde, Otávio completou com a hipótese de que o vinho era verde pelo fato de que, se as uvas são irrigadas com a água mineral naturalmente gaseificada, não era possível esperar que elas amadurecessem pois poderiam explodir nas vinhas, por isso elas eram colhidas ainda verdes, daí o nome do vinho ser Vinho Verde.
Sabrina começou a gargalhar e eu engasguei com meu último pedaço de peixe, ela engatou um riso quase histérico, começou a lacrimejar e eu não sabia se ria deles ou dela. Eles olhavam para nós duas sem entender nada, o que nos fazia rir mais ainda, e comecei a pensar se isso era piada ou se eles estavam gozando de nossa cara?
Enfim, foi o melhor almoço e a melhor tarde de passeio até agora., sem esquecer que ao sairmos de lá nos perdemos de novo e teve uma rotunda na qual demos umas quatro voltas até encontrar a saída certa, valei-me santo GPS!
Bem, de lá seguimos para Albufeira para o passeio de barco, nos apresentamos no guichê e recebemos 4 cortesias dos colegas do irmão de Sabrina, valeu galera!
O passeio foi ótimo, seguiu pela costa do Algarve onde pudemos ver as praias e falésias nas quais estivemos ontem, entramos numa caverna marinha e voltamos aguardando para ver o por do sol que não deu o ar de sua graça, estava meio tímido, mas mesmo assim bonito.
Na marina comemos uma bela pizza e pegamos a estrada para Faro, porque amanhã saímos cedinho para Lisboa.
Até agora nossa viagem tem sido ótima, os passeios e as cidades muito interessantes, bons companheiros e na próxima semana concluímos a programação em Lisboa e voltamos para o Brasil.
Digno de nota é a educação do povo e a consciência de cidadania e conservação da natureza e de seus patrimônio histórico-cultural. Aqui respeita-se as leis de trânsito, a preferência na rotatória, o pedestre, os idosos, não se joga papel na rua, existe a crise mas as pessoas mantém no íntimo a força de ser um povo que cuida do que é seu!
Ao mesmo tempo estamos acompanhando os acontecimentos no Brasil e, particularmente penso que, nunca é tarde para que se abram os olhos e se tomem atitudes de reconstrução e recomeço, só não se pode jogar fora a criança junto com a água do banho, é preciso ter objetivos e manter-se ao lado da razão.
E principalmente: o Brasil é nosso, mas são meus filhos que estão nas ruas, então cuidado com eles! Assim como toda mãe se enfurece quando seus filhos são atacados, o povo pode dar a resposta que o país precisa, basta que perceba o poder infinito que tem nas mãos e não se deixe levar por comandos insensatos e levianos e nem se venda por uma bolsa qualquer.
Pronto falei,
Beijos a todos
Marta e Otávio
Sabrina e Helder